The punk girl [EN/PT]

Life is nothing but a collection of memories. Today, I found myself reminiscing about an event that took place last year, which spontaneously came to mind.

I was talking to a friend on the staircase of a theater, discussing trivial things. It was just another evening when we sat down to smoke and chat about random everyday topics.

Suddenly, we spotted a group of punks approaching, about six people, fully adorned in that style. I was drawn to them, particularly because I had been part of the punk movement in my city for many years in the past.

They settled on the staircase with their belongings, and I could tell they were a kind of travelers. Their shoes were worn out, their clothes slightly dirty, typical features of those who choose to live such adventurous lives.

A punk girl approached me, and we started talking. I soon realized she didn't speak the same language as me; she spoke Spanish and was from Argentina, as she later explained. When she asked for my name, something hilarious happened: after I said my name was Felipe, she started shouting my name loudly, as if calling for me, even though I was right beside her! That's when I noticed a black and white little dog running towards us, wagging its tail happily!

We talked for a long time. She told me about her adventures and the places she had visited. She borrowed my phone to show me a place called Rainbow Mountain in Peru, describing every detail as if she were in a theater performance, very communicative and expressive.

After a while, I lent her my phone so she could communicate with her family, whom she hadn't seen for almost two years because of her life as a traveler, with limited resources and relying solely on her own talent and that of what seemed to be a troupe of street artists.

After saying goodbye, I left, and I remember spending a few days thinking about how much I wished to have that kind of lifestyle, to be free and see the world through my own eyes. In that moment of departure, as I felt envious of that group of dirty, tired, and far-from-home travelers, I realized they had the lifestyle I had always desired.

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[PT]

A vida não passa de uma coleção de memórias. Hoje me peguei recordando um acontecimento que ocorreu no ano passado, que me veio à mente espontaneamente.

Eu estava conversando com um amigo numa escadaria de um teatro, falando sobre coisas triviais. Era apenas mais um dia em que nos sentávamos ao entardecer para fumar e conversar sobre assuntos aleatórios do cotidiano.

De repente, avistamos um grupo de punks se aproximando, cerca de seis pessoas, completamente caracterizados nesse estilo. Meu olhar foi atraído por eles, especialmente porque eu fiz parte do movimento punk da minha cidade durante muitos anos no passado.

Eles se acomodaram na escadaria com seus pertences, e pude perceber que eram uma espécie de viajantes. Seus sapatos estavam desgastados, suas roupas um pouco sujas, características típicas de quem escolhe viver essa vida de aventuras.

Uma garota punk se aproximou de mim e começamos a conversar. Logo percebi que ela não falava o mesmo idioma que eu, ela falava espanhol e era da Argentina, como me explicou mais tarde. Quando ela perguntou meu nome, aconteceu algo hilário: depois que eu disse que me chamava Felipe, ela começou a gritar meu nome alto, como se estivesse me chamando, mas eu estava ao lado dela! Foi então que percebi que um cachorrinho preto e branco vinha correndo em nossa direção, abanando o rabo cheio de felicidade!

Ficamos conversando por um bom tempo. Ela me contou sobre suas aventuras e os lugares por onde passou. Pediu meu celular emprestado para me mostrar um lugar chamado Rainbow Mountain, no Peru, e descreveu cada detalhe como se estivesse em uma peça de teatro, muito comunicativa e expressiva.

Depois de um tempo, emprestei meu celular para que ela pudesse se comunicar com a família, já que não os via há quase dois anos, pois estava imersa nessa vida de viajante, sem muitos recursos e contando apenas com seu talento e o daqueles que pareciam ser uma trupe de artistas de rua.

Após me despedir, parti e lembro-me de ter passado alguns dias pensando em como eu gostaria de ter aquele estilo de vida, ser livre e ver o mundo com meus próprios olhos. Naquele momento em que parti e senti inveja daquele grupo de viajantes sujos, cansados e longe de casa, percebi que eles tinham o estilo de vida que sempre desejei ter.